terça-feira, 5 de agosto de 2008

Especial: Quando a música e a bola se encontram

Não é de hoje que a gente acompanha diversos músicos jogando uma “peladinha”. A MTV chegou ao ponto de organizar o Rockgol, um campeonato, que já chega a sua décima terceira edição, fazendo com que os artistas larguem seus shows para se dedicar ao quebra canela.
Apesar de ser muito comum vermos as principais bandas nacionais disputando o campeonato da MTV ou jogos beneficentes, grandes nomes da música nacional e internacional já se aventuravam nos gramados antes mesmo da MTV chegar ao Brasil.
Quem pensa que futebol combina apenas com samba, não conhece Steve Harris, baixista e fundador da lendária banda de Heavy Metal, Iron Maiden. Fanático por futebol, é torcedor do time inglês West Ham, chegando a ingressar nas divisões de base do clube, quando tinha 14 anos. No entanto, acabou não se profissionalizando e optou pela carreira musical. No site oficial do Iron Maiden, o guitarrista Janick Gers comentou sobre a relação futebol/música de Steve Harris. “Ele é um grande jogador de futebol e tinha que escolher jogar futebol profissionalmente ou tocar música quando era criança, mas eu acho que ele tomou a decisão certa”, ponderou.
Hoje, Steve Harris está com 52 anos, continua cabeludo e leva o filho pequeno para jogos de futebol. Durante a última apresentação do Maiden no Brasil, Harris aproveitou para marcar presença no clássico entre Corinthians e Palmeiras, no Morumbi.



O futebol de Chico Buarque

Como um típico brasileiro, Chico Buarque é apaixonado por futebol. Sua paixão pela bola e pelo Fluminense (time do coração), tem como rival sua ligação com a música, mas às vezes leva vantagem.
A rotina de shows e gravações é permeada por suas peladas semanais, que pratica junto aos amigos. Chico joga três vezes por semana (segundas, quintas e sábados) e considera o futebol sagrado. Por isso, seus compromissos e shows são marcados de modo que não atrapalhem os dias de jogos.
Chico possui um time de várzea chamado Politheama, que em grego significa Muitos Espetáculos. O Politheama era o time de futebol de botão que ele criou aos 15 anos, que saiu do campo de madeira e foi para os gramados, mantendo as cores verde e azul. Sua sede foi inaugurada em 1970 no km 18 da Avenida Sernambetiba e batizada de Centro Recreativo Vinícius de Moraes, uma homenagem ao poeta carioca. Após as peladas, o cantor brinca de comentarista, analisando cada detalhe. “Não sei teorizar sobre o futebol. Gostaria de ter sido jogador, mas não deu, e fui fazer música. O futebol tem que ser vivido, jogado, sentido na pele, e que as palavras não podem descrever a emoção e os sentimentos de uma partida, jogada ou assistida. São momentos de improviso e genialidade que nenhum artista consegue repetir.”, afirma o cantor, que trocaria toda a carreira para ser o Pagão, ídolo e ex-centroavante do Santos na época de Pelé, homenageado na canção “Futebol”.
Além do próprio Pagão, vários “craques” passaram pelo gramado do Politheama, como Toquinho, Alceu Valença, Toni Garrido, Evandro Mesquita e até Bob Marley, na única vez em que esteve no Brasil, em 1980.


Até Bob Marley não resistiu

O rei do Reggae interrompeu a gravação do álbum “Uprising” e veio ao Brasil em seu jato particular, na companhia de Junior Marvin (guitarrista dos Wailers), Jacob Miller (vocalista do Inner Circle), Chris Blackwell (diretor da Island Records) e a esposa de Blackwell, Nathalie, para participar da festa que inaugurou as atividades do selo alemão Ariola no país. A Island, gravadora original dos Wailers, era então um selo da Ariola.
Sem vistos de trabalho, Bob não poderia se apresentar musicalmente em solo brasileiro. Sendo assim, foi às compras nas lojas de material esportivo atrás de uniformes e outros equipamentos. Os artigos esportivos tiveram a sua estréia no famoso jogo no campo de Chico Buarque.
O trio jamaicano chegou ao Centro Recreativo para particpar da pelada animada de Chico, onde já estavam presentes Toquinho, Alceu Valença, o ex-jogador Paulo César Caju, Chicão (músico da banda de Jorge Benjor) e funcionários da gravadora.
A equipe de Bob contou com Chico Buarque, Junior Marvin, Paulo César Caju, Toquinho e Jacob Miller. Venceram a partida por 3 a 0, com gols dele, de Chico e Paulo César. “O Brasil é o meu time. A Jamaica gosta de futebol por causa do Brasil”, dizia um eufórico Bob Marley.

Na contramão

No caminho oposto, o rei do futebol também já atacou de músico. Pelé tentou, sem sucesso, se aventurar no mundo do rock, com sua banda Pelé e os Beckenbauers. Gravou o compacto “Tabelinha” com a cantora Elis Regina, em 1969, apresentando as canções “Vexamão” e “Perdão Não Tem”. Participou do disco do Trem da Alegria, na música “O Atleta do Século”, e ainda cantou com sua ex-esposa, Assíria Nascimento.
Em agosto de 2005, na estréia do programa “La Noche del Diez”, apresentado por Maradona, Pelé dedilhou seu violão e cantou “Quem sou eu, Maradona, quem é você. O que é certo para mim, pode ser errado para você”. O ex-craque argentino também cantou a capela um tango de um garoto que sonhava em jogar futebol como os grandes astros, além de uma música composta em sua homenagem. (Confira uma das “canciones” de Maradona
http://br.youtube.com/watch?v=ACvFWCzD6MU&feature=related)
Durante a Copa do Mundo de 2006, Pelé lançou na Europa o disco “Ginga”, de composições próprias com participações do rapper Rappin Hood e de Gilberto Gil. Edson Arantes do Nascimento também aparaceu tocando violão e cantando no documentário “Puro Espírito do Brasil”, da produtora O2.
Além de Pelé e Maradona, o ex-lateral do Flamengo e da seleção Brasileira, Junior, voou com o canarinho em "Povo Feliz" . Robinho deu suas pedaladas em ritmo de pagode. No embalo, até o baixinho Romário lançou o “Rap dos Bad Boys”, ao lado de Edmundo (Confira o vídeo -
http://br.youtube.com/watch?v=3FWfwsrsdho&eurl=http://www.weshow.com/br/p/32200/romario_e_edmundo_cantando_funk). O talento nos gramados não é o mesmo com a voz, mas o certo é que são duas coisas que o Brasil faz como ninguém: futebol e música.

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